Comando nacional acompanha evolução dos bancos no combate ao assédio no trabalho
Movimento sindical propõe medidas para melhorar a aplicação de clausulas de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho, conquistadas pela categoria na última CCT
Data: 27/11/2025 às 10:02
Fonte: Contraf-CUT, com edição de Seeb Araraquara

O Comando Nacional das Bancárias e dos Bancários se reuniu, na tarde de quarta-feira (26), na capital paulista, com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) em mais uma rodada da "Negociação nacional sobre assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho bancário".

O objetivo do encontro foi avaliar a evolução das medidas tomadas pelos bancos relacionadas as cláusulas de combate a qualquer tipo de violência no ambiente laboral, conquistadas na renovação mais recente da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.

Essas medidas determinavam aos bancos:

- A disponibilidade de canais para denúncias e para o acolhimento humanizado, com garantia de proteção e sigilo às vítimas e aos denunciantes;
- Campanhas internas e externas de repúdio ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente laboral;
- Disponibilizar aos empregados orientações sobre as atitudes que podem ser tomadas diante desses tipos de violência.

Em fevereiro, quando ocorreu a primeira mesa de negociação sobre o tema, a Fenaban informou que um levantamento feito com 42 bancos e que representam 97,8% da categoria, ou 409.317 funcionários e funcionárias, mostrava que, em 2024:

- 100% das empresas já tinham canais de denúncia e acolhimento;
- 85% haviam produzido materiais para informar e orientar os trabalhadores; e
- 89% as declarações de repúdio contra esses tipos de violência.

Em novo levantamento, apresentado hoje, a entidade que representa os bancos destacou que:

- 88% haviam produzido matérias para informar o orientar os trabalhadores contra assédio moral, sexual e outras formas de violência no trabalho; e
- 95% as declarações de repúdio.

Devolutivas sobre melhoramentos relacionados aos canais de denúncias

Os trabalhadores também haviam exigido redução do prazo de resolução dos casos de violência, hoje de 45 dias corridos, podendo ser prorrogados por igual período, levando muitos casos a terem um tempo de resolução de até 90 dias.

Sobre esse ponto, a Fenaban destacou que aumentou o percentual de casos resolvidos dentro de 45 dias. Enquanto que, nas denúncias recebidas em 2024, 68,9% foram resolvidas em até 45 dias, no primeiro semestre deste ano 78,3% foram solucionados neste prazo.

SIPAT

Outra reivindicação do Comando Nacional era a garantia de participação de representantes do movimento sindical na Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT). Segundo a Fenaban, 100% das empresas aderiram a essa exigência.

Gestão ética da tecnologia

No debate sobre a importância de os bancos incluírem como violência a pressão por metas e resultados, o Comando Nacional reforçou a necessidade de incluir o “assédio por algoritmos”, ou seja, a prática da utilização de sistemas de monitoramento, cobrança e pressão sobre o trabalhador por meio de ferramentas digitais.

Ficou acordado, entre ambas as partes, a realização de uma mesa, na segunda-feira, 1º de dezembro, com o tema “Gestão ética da tecnologia”, onde a questão será aprofundada.

Na data também será discutida os limites do uso da Inteligência Artificial (IA) no setor bancário; e sobre a substituição dos papéis térmicos a base de bisfenol, usados em impressoras dos bancos.  

Avaliação dos trabalhadores

“Nesse encontro, acompanhamos a evolução das ações que os bancos estão realizando para colocar em prática as cláusulas de combate a todo o tipo de violência no trabalho. E um dos pontos que levantamos foi a necessidade de saber os tipos de violências e como os bancos resolveram os problemas. Entender a forma como as violências se manifestam e como as empresas estão atuando para coibi-las nos ajudará a entender como alcançar um ambiente de trabalho saudável”, destacou Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional e presidenta da Contraf-CUT.

Já a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Fernanda Lopes, reforçou a necessidade de os canais dos bancos garantirem o sigilo total às vítimas e denunciantes. “É fundamental que as trabalhadoras e os trabalhadores se sintam confiantes em usar os canais. Caso contrário não conseguiremos capturar todas as ocorrências e corrigi-las”, acrescentou.

No início da mesa de negociação, Fernanda Lopes apresentou dados de uma pesquisa (KPMG) que mostram que 30% das pessoas pesquisadas relataram sofrer algum tipo de assédio em 2024. Destes assédios, 41% ocorreram no local de trabalho. Porém, 92% dos pesquisados não denunciaram.

A pesquisa apontou ainda que 85% das pessoas se sentiram mais confiantes em denunciar por meio dos canais criados pelas empresas, especificamente para combater assédio. Esse dado reforça a importância dos bancários na conquista dos canais de denúncia e acolhimento dentro dos bancos. Lembrando que os sindicatos também possuem canais para os bancários realizarem denúncia de qualquer violência que estejam sofrendo. 

“Os dados apresentados pela Fenaban, hoje, mostraram avanços importantes, feitos a partir das cobranças que fizemos na mesa de fevereiro, como o detalhamento das ações enquadradas como 'outras formas de violência'; o crescimento percentual de bancos que já realizaram a disponibilização de informações aos trabalhadores e a implementação de canais de apoio, com o compromisso de chegar a 100% até dezembro; e o aumento de punições concretas de assediadores”, pontuou ainda a também coordenadora do Comando Nacional e presidenta SEEB-SP, Neiva Ribeiro. 

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Bancários de Araraquara e região, Paulo Roberto Redondo, tratar a cobrança excessiva por resultados como prática violenta é fundamental para enfrentar o ciclo de sofrimento que se intensifica no cotidiano bancário. “O adoecimento mental não é fruto de fragilidade individual, mas consequência direta de um sistema de metas que ultrapassa limites e compromete a vida de quem trabalha. Por isso, o Sindicato reafirma seu papel de fiscalização permanente, acompanhando cada desdobramento das negociações e pressionando as instituições financeiras a adotar políticas que promovam segurança, respeito e condições laborais saudáveis”, concluiu Paulinho.

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