O Sindicato dos Bancários de Araraquara e Região realizou, na noite de quarta-feira (11), um importante seminário sobre a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) e seus impactos na saúde mental e nas relações de trabalho, com ênfase especial na categoria bancária. O evento foi realizado no auditório da entidade, reunindo especialistas em direito do trabalho e previdenciário, representantes de entidades sindicais, autoridades e trabalhadores da base, reforçando o papel do Sindicato como espaço de formação, acolhimento e luta em defesa da saúde da classe trabalhadora.
A atividade foi aberta ao público, permitindo que bancárias, bancários e demais trabalhadores da região pudessem se informar e esclarecer dúvidas sobre as mudanças na NR-1 — que trata da estrutura e das responsabilidades das empresas na gestão de riscos ocupacionais, inclusive os psicossociais.
Na abertura do evento, o presidente do Sindicato, Paulo Roberto Redondo, destacou a importância do seminário para aprofundar a discussão sobre o adoecimento mental no ambiente de trabalho, sobretudo nas instituições financeiras.
“É essencial que a categoria bancária compreenda a profundidade do que está em jogo com as mudanças na NR-1. Não estamos tratando de algo abstrato — estamos falando da saúde, da dignidade e da vida dos trabalhadores. A norma escancara aquilo que sempre denunciamos: o ambiente de trabalho pode sim adoecer. E a responsabilidade de prevenir esse adoecimento é, sobretudo, das empresas. O Sindicato está aqui para cobrar, orientar e lutar. Nenhum trabalhador pode enfrentar o sofrimento mental sozinho ou sem amparo. Nosso compromisso é garantir que seus direitos sejam respeitados e que a saúde esteja sempre acima do lucro.” — Paulo Roberto Redondo.
Na sequência, a diretora do Sindicato e secretária de Saúde da Fetec-CUT/SP, Rosângela Lorenzetti, apresentou um panorama preocupante sobre o avanço dos casos de adoecimento mental entre bancários e bancárias. Com base em dados da Contraf-CUT e da Previdência Social, Rosângela alertou que o setor bancário segue entre os que mais afastam trabalhadores por causas relacionadas à saúde mental. Somente em 2023, mais de de 30% dos afastamentos por auxílio-doença não relacionados a acidentes de trabalho foram motivados por transtornos mentais e comportamentais — como depressão, ansiedade e burnout.
Esses índices estão diretamente ligados a um modelo de gestão que impõe metas abusivas, sobrecarga, assédio moral e desumanização das relações de trabalho. “A pressão por resultados e o lucro acima de tudo têm adoecido nossa categoria. Bancários estão trabalhando sob extrema tensão, com medo constante de demissão ou de não alcançar os objetivos impostos, e isso tem consequências gravíssimas para a saúde física e mental”, completou Rosângela.
A advogada previdenciária Dra. Sara Quental, do escritório Crivelli Advogados Associados, realizou a primeira explanação técnica da noite. A especialista detalhou as principais alterações da NR-1, com destaque para o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) e o novo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), que agora devem incluir também os chamados riscos psicossociais — como estresse, sofrimento mental, assédio, isolamento e pressões constantes.
Sara reforçou que a responsabilidade pelo adoecimento do trabalhador não pode mais ser descartada pelas empresas: “O empregador tem o dever legal de identificar e adotar medidas preventivas em relação aos riscos psicossociais. Ignorar isso é infringir a norma e colocar vidas em risco.”
Na sequência, a Dra. Ligia Bueno Polidório abordou as implicações da norma sob a ótica dos marcadores sociais de diferença, destacando como fatores como raça, gênero, orientação sexual, deficiência e neurodivergência podem tornar trabalhadores ainda mais vulneráveis aos riscos psicossociais e ao adoecimento. “A aplicação da NR-1 precisa levar em conta essas desigualdades estruturais, sob pena de se tornar ineficaz”, afirmou.
A Dra. Stephânia Ribeiro, também do Crivelli Advogados, trouxe um panorama das implicações previdenciárias da nova norma, com foco no reconhecimento das doenças relacionadas ao trabalho. Segundo ela, com a obrigatoriedade do mapeamento dos riscos psicossociais, cresce a possibilidade de que transtornos mentais sejam reconhecidos como doenças ocupacionais — o que pode impactar diretamente no acesso ao auxílio-doença acidentário (B91) e até à aposentadoria por invalidez.
“O trabalhador adoecido deve ser amparado tanto pelo INSS quanto pela empresa. A partir do momento em que o nexo causal entre o ambiente de trabalho e o adoecimento for comprovado, a responsabilidade passa a ser compartilhada, o que fortalece a proteção previdenciária”, explicou Stephânia.
A fisioterapeuta Patrícia Celis Murillio, representante do CEREST Araraquara, encerrou as falas destacando o papel do órgão como fiscalizador e orientador das políticas de saúde do trabalhador. “Estamos ao lado dos sindicatos e dos trabalhadores para garantir que as normas sejam cumpridas. Empresas que não se adequarem até maio de 2026 estarão sujeitas a autuações e multas por descumprimento da NR-1. O tempo para mudanças estruturais começou agora”, alertou.
O seminário também contou com a participação de sindicatos parceiros, autoridades e representantes da sociedade civil.
Concluindo o evento, o secretário de Saúde, Condições de Trabalho e Assuntos Jurídicos do Sindicato, André Luiz de Souza, agradeceu a presença de todos e reafirmou o compromisso da entidade com a formação e o acolhimento dos trabalhadores.
“Este seminário é uma demonstração concreta de que o Sindicato está atento, ativo e comprometido com o que realmente importa: a vida e a saúde dos trabalhadores. Agradecemos imensamente aos especialistas que compuseram a mesa, ao público presente, aos demais dirigentes sindicais e, em especial, ao escritório Crivelli, parceiro essencial nesta jornada”, declarou.
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