Na próxima quinta-feira (11), o Comando Nacional dos Bancários volta a se reunir com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), desta vez para debater Igualdade de Oportunidades e reivindicar o fim das distorções salariais entre gêneros, o combate ao preconceito e condições igualitárias nos processos de ascensão dentro dos bancos, para que mulheres, pessoas com deficiência (PCDs), negros e negras e LGBTs tenham maior representatividade nos cargos de liderança.
O encontro faz parte das negociações da Campanha Nacional de 2024, para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
"O que nós queremos é promover um ambiente de trabalho inclusivo e com respeito, combatendo as distorções do preconceito, da discriminação que nós vemos na sociedade. Com isso, possibilitar a inclusão, o acesso ao emprego bancário e a ascensão profissional, sem a interferência desses preconceitos estabelecidos na sociedade", destacou a coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Confederação Nacional do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
A secretária da Mulher da Contraf-CUT e coordenadora da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), Fernanda Lopes, completou que apesar de as mulheres representarem cerca de 50% do quadro, essa proporção não se reflete nos espaços de gerência e de comando na instituição. “E essas distorções são mais aprofundadas em relação a raça, orientação sexual e identidade de gênero”, destacou, lembrando que, por causa do preconceito e violência, "pessoas trans têm elevada dificuldade de conseguir ocupações e possuem expectativa média de 35 anos de vida no Brasil".
A também coordenadora do Comando Nacional dos Bancários e presidenta da Sindicato de São Paulo, Osasco e Região (Seeb-SP), Neiva Ribeiro, lembrou que o Brasil já tem uma lei de igualdade salarial entre homens e mulheres, de iniciativa do governo Lula, e aprovada pelo Congresso Nacional em 2023. "A categoria bancária, inclusive, fez parte do grupo de trabalho interministerial, sobre a implementação dessa lei, que também propõe iniciativas para o combate ao assédio e em favor da igualdade de gênero em cargos de direção e gestão das empresas", completou.
Tamanho das distorções
Relatório do Dieese, elaborado com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que as mulheres bancárias ganham em média 22% menos que os homens bancários. O mesmo trabalho aponta que as mulheres negras bancárias têm remuneração média 38% inferior à remuneração média dos homens brancos que são bancários.
A média de remuneração na categoria bancária é R$ 8.082. A partir do recorte racial, o Dieese mostra que, homens brancos estão no topo, com remuneração média de R$ 9.570, seguidos dos homens negros (R$ 7.526), mulheres brancas (R$ 7.401) e mulheres negras (R$ 5.950).
"Para que as mulheres negras bancárias recebam a mesma remuneração que os homens brancos bancários, elas teriam que trabalhar um mês de 48 dias, ou seja, 18 dias a mais. Outra forma de entender isso é dizer que o ano da bancária negra precisaria de mais 7 meses para que a igualdade salarial fosse estabelecida", explicou a economista do Dieese, Rosângela Vieira.
Uma das explicações para esse quadro é a menor participação das mulheres negras em cargos de liderança. "Enquanto os homens brancos respondem por 39% dos cargos de liderança, as mulheres negras respondem por apenas 10% dos cargos de liderança", observou Rosângela.
Considerando todos os cargos da categoria bancária, os homens representam 52,2% e as mulheres 47,8% do total de trabalhadores. Ao analisar o recorte racial, as mulheres negras (pretas e pardas) representam 11,7% da categoria, as orientais 1,3% e as indígenas apenas 0,1%.
PCDs e LGBTs
Também com base na RAIS, o relatório do Dieese apontou que a proporção de trabalhadores com deficiência contratados representa apenas 4% da categoria.
Em relação às trabalhadoras e trabalhadores que fazem parte da comunidade LGBT, não existem dados atualizados e não é possível o levantamento a partir da RAIS. O último levantamento a respeito foi realizado pela Febraban em 2014, quando cerca de 15% da categoria havia informado, na época, que não se identificava como heterossexual.
Manter e ampliar conquistas
Juvandia, lembrou que a categoria bancária é a única que possui uma mesa permanente dedicada ao tema Igualdade de Oportunidades. "São muitos os avanços que conquistamos desde o estabelecimento desta mesa, mas precisamos nos manter unidos para manter cláusulas e avançar em novos direitos, sobretudo na igualdade salarial", completou.
A seguir, as conquistas ligadas à igualdade de oportunidades obtidas pelas bancárias e bancários na CCT:
2002 - Inclusão do tema igualdade de oportunidade nas mesas de negociação;
2008 - Conquista do primeiro Censo da Diversidade;
2009 - Licença-maternidade de 180 dias e extensão dos parceiros do mesmo sexo nos planos de saúde;
2010 - Inclusão da cláusula que criou o programa de combate ao assédio moral;
2012 - Conquista do 2º Censo da Diversidade;
2016 - Licença-paternidade de 20 dias;
2017 - Reconhecimento do direito de uso do nome social no crachá e nos sistemas dos bancos;
2018 - 3º Censo da Diversidade;
2020 - Programa de prevenção à violência doméstica e familiar contra bancárias, incluindo a criação de canais de acolhimento, orientação e auxílio às mulheres em situação de violência doméstica e familiar;
2022 - Cláusula que estabelece programa de combate ao assédio sexual nos bancos.
Como novas tecnologias impactam na movimentação de empregos do ramo financeiro
Revisão do sistema financeiro nacional precisa ser feita com urgência
Inteligência Artificial em debate: impactos, riscos e a defesa dos direitos sociais
Manutenção da democracia brasileira passa pela eleição de senadores progressistas em 2026
Maioria esmagadora da categoria valoriza direitos trabalhistas e rechaça pejotização
Com representação de norte a sul do país, 27ª Conferência Nacional dos Bancários é aberta em São Paulo
40º Conecef aprova resoluções das empregadas e empregados
Bancários do Bradesco aprovam plano de ação em encontro nacional
Encontro Nacional do Santander debate intensificação das ações de luta e organização
Institucional
Diretoria
História
Conteúdo
Acordos coletivos
Galeria
Notícias