As LER/Dort, ausentes das matérias da imprensa em geral, continuam presentes nos diferentes mundos do trabalho, em forma de sequelas ou por meio de dores vivas que ainda assolam aqueles submetidos a ritmos e cargas extenuantes.
Embora descritas desde a Antiguidade, foi nas fábricas que se mecanizavam na Europa ocidental do século XVIII que essas dores se massificaram. Conforme ocorria um processo de aceleração do trabalho cujo ritmo passava a ser dado pelas máquinas, milhares de membros superiores executavam movimentos rápidos e repetitivos e frequentemente pesados, sem pausas, diariamente e durante longas jornadas, sofrendo o desgaste do uso excessivo de suas estruturas. A coluna e os membros inferiores também eram penalizados pelas longas horas em pé ou sentados. Reflexo do perfil da economia da época, eram tecelões, costureiras, alfaiates, marceneiros e metalúrgicos que passavam a sentir dores associadas àqueles esforços cumulativos e sobrecarga estática.
Paralelamente crescia o número dos que viviam da escrita. Autores estimam que, em 1831 aproximadamente 3% da força de trabalho de Londres faziam contabilidades e balancetes, chegando a 7% em 1900. Embora fizessem menos esforço físico, suas atividades de trabalho exigiam que ficassem durante longas horas do dia e parte da noite concentrados para não errar, em postura curvada, o que lhes causava dores nos braços e tórax.
Séculos mais tarde, na década de 1980, temporalmente longe do cenário da Revolução Industrial, no Brasil, homens e mulheres que ganhavam a vida em atividades de trabalho dos mais diferentes ramos econômicos, mesmo receosos de perder seus empregos, passaram a engrossar movimentos liderados pelos sindicatos e associações de trabalhadores adoecidos, que clamavam por um trabalho que não adoecesse, pelo reconhecimento das dores como fruto malquisto do trabalho e pelo acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários.
Foi assim que as LER/Dort passaram a ser reconhecidas pelo Ministério da Saúde e da Previdência Social, inicialmente na década de 1980, com consolidação desse reconhecimento nas décadas de 1990 e 2000.
BANCÁRIOS SÃO AS PRINCIPAIS VÍTIMAS
A categoria bancária é uma das mais atingidas por essas doenças. No Brasil, segundo dados do INSS, as chances de um bancário ser vítima de LER/Dort são 150% maiores do que a população em geral. Entre 2012 e 2017, 24.514 bancários se afastaram por doenças relacionadas ao trabalho; 12.678, ou 51,71%, apresentaram doenças como tendinites, bursites ou lesões no túnel do Carpo, classificadas como LER/Dort.
“Hoje, o modelo organizacional imposto pelos bancos simplesmente ignora a existência das LER/Dort, como se o adoecido fosse descartável. Não há prevenção, só existe uma gestão que preza pelas metas exacerbadas”, destaca a diretora do Sindicato dos Bancários de Araraquara e secretária de Saúde da Fetec-CUT/SP, Rosângela Lorenzetti, ao lembrar que, em muitos casos, as lesões geram perda de movimentos resultando também em transtornos mentais em virtude da incapacidade.
Apesar de elevados, esses números estão aquém da realidade, já que não são computados os que continuam trabalhando, mesmo doentes, nem os que têm o benefício negado.
“Os bancos não emitem a CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho) e, muitas vezes, preferem deixar os trabalhadores adoecidos em casa, pagando os seus salários, sem que passem pelo INSS. Com isso as instituições financeiras economizam o ônus de ter causado o adoecimento. Isso é falta de responsabilidade social”, denuncia Rosângela.
Na avaliação da diretora, as LERs/Dort nos bancos estão diretamente relacionadas com o modelo de gestão. “Não basta alertar os trabalhadores para os perigos, riscos e situações se não houver, concomitantemente, mudanças das condições que propiciam os acidentes e adoecimentos. É necessária uma real mudança na organização do trabalho”, alerta.
Prevenção é o mais importante
Procure organizar-se com outros trabalhadores, participando das reuniões de CIPA e mantendo um diálogo frequente com o Sindicato, para discutir as condições de trabalho e as formas de diminuir os riscos de acidentes e doenças do trabalho.
– Quando possível, faça pausas durante a jornada de trabalho para que seu corpo possa descansar e, em outros momentos, programe-se para fazer alongamentos e relaxamentos para se cuidar.
– Faça caminhadas diárias de no mínimo 30 minutos, começando com 15 minutos.
– Pratique alguma atividade física que possibilite o alongamento e o relaxamento dos músculos, porque os remédios ajudam, mas não devem ser a única forma.
– Se os sintomas persistirem, procure o Centro de Saúde mais próximo de casa.
– Converse com os profissionais de saúde para tirar suas dúvidas a respeito de seu problema de saúde, porque assim poderá prevenir a doença ou seu agravamento pelo trabalho.
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