A descoberta de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, têm contas offshore em paraísos fiscais motivou a apresentação de projetos de lei para regular a participação de agentes públicos em contas offshore no exterior.
O Projeto de Lei Complementar (PLP) 152/2021, de autoria do deputado federal Ivan Valente (Psol/SP), veda a nomeação de pessoas com contas ou empresas em paraísos ou refúgios fiscais para a Diretoria Colegiada do Banco Central. Já o Projeto de Lei (PL) 3455/2021, de autoria do deputado federal Henrique Fontana (PT/RS) proíbe que candidatos a cargos eletivos e agentes públicos abram, mantenham ou participem em sociedade que possuam contas offshore no exterior.
Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, os casos das contas offshore de Paulo Guedes e Roberto Campos Neto mostram o quanto é importante debatermos sobre a regulamentação do Sistema Financeiro Nacional e das regras de transação de capital no país. “Infelizmente, sempre quando falamos sobre esta necessidade, correm falar que isso gerará fuga de capitais, inflação, crise financeira e econômica. Mas, estes são alguns exemplos de que estes medos que põem na gente se tratam, na verdade, de tentativas de pessoas que querem manter seus privilégios”, disse.
Barrar a hipocrisia
Além de proibir a nomeação, a proposta de Ivan Valente determina que “os atuais membros da Diretoria Colegiada do Banco Central que se enquadrem na situação mencionada” […] “deverão se afastar do cargo no prazo de até 30 dias, contados a partir da entrada em vigor da Lei Complementar”. Já o projeto de Henrique Fontana, permite a abertura de contas offshore somente depois de dois anos após o término da legislatura e/ou do desligamento do cargo.
“Os projetos são semelhantes, mas diferentes. Um versa sobre a proibição da nomeação de pessoas com contas offshore para cargos no Banco Central. O outro sobre a proibição da abertura e manutenção de contas pelos candidatos e agentes públicos de uma forma geral. Mas, eles devem ser apensados e tramitarem em conjunto”, explicou o secretário de Relações de Trabalho e responsável pelo acompanhamento de assuntos de interesse dos trabalhadores no Congresso Nacional pela Contraf-CUT, Jeferson Meira, o Jefão.
“Mas, o que é importante observarmos é a preocupação dos deputados em controlar estas questões de conflito de interesse que vemos tanto no caso de Paulo Guedes, quanto do Campos Neto. Não é possível permitirmos que pessoas que têm controle do câmbio no país e possuam informações privilegiadas sobre questões que envolvam a cotação das moedas se beneficiarem de seus poderes e informações enquanto o restante dos brasileiros é prejudicado por estes atos”, completou Jefão.
Para o dirigente da Contraf-CUT, trata-se de, no mínimo, hipocrisia e falta de ética ministros e o presidente do Banco Central, que dirigem a economia do país, manter contas offshore em paraísos fiscais. “O dinheiro deles fica longe da tributação brasileira e, consequentemente, deixa de ajudar o Brasil em obras de infraestrutura e serviços públicos, enquanto esses mesmos privilegiados impõem regras tributárias para o país e atacam servidores, o serviço público, os mais pobres e a classe trabalhadora”, observou.
Regulamentação
A regulamentação do sistema financeiro é uma preocupação dos trabalhadores da categoria bancária. Os delegados e delegadas da 23ª Conferência Nacional dos Bancários, ocorrida nos dias 3 e 4 de setembro, aprovaram uma resolução defendendo que “o Sistema Financeiro Nacional (SFN) do Brasil deve ser organizado com o intuito de promover o desenvolvimento econômico e social do país, com geração de emprego de qualidade e renda para a população e contribuir com a redução das desigualdades regionais do país”.
> Leia a íntegra das resoluções da 23ª Conferência Nacional dos Bancários
A resolução diz ainda que, “as instituições financeiras (bancárias e não bancárias) devem garantir o acesso da população e das empresas ao crédito com taxas de juros compatíveis com níveis internacionais em segmentos prioritários, de modo a favorecer o investimento produtivo, o fortalecimento do mercado interno e o acesso da população à infraestrutura econômica e social, e de forma a proteger a população contra o endividamento exacerbado”.
Em outro trecho, defende que o Banco Central do Brasil (BCB) deve “perseguir não somente a meta de inflação, mas também metas de emprego e renda” e “zelar pela suavização dos movimentos na taxa de câmbio do Brasil que impactam diretamente o custo de vida da população, estabelecendo controles de capital que dificultem entradas e saídas bruscas de capitais especulativos de curto prazo”.
Desemprego recua para 6,2% no trimestre e atinge a menor taxa da série histórica
Sindicatos da FETEC-CUT/SP aprovam propostas para a 1ª Conferência Nacional dos Bancários Aposentados
Conselho de Usuários reforça mobilização nacional em defesa do Saúde Caixa
Plebiscito Popular 2025 mobiliza bancários de Araraquara pelo fim da escala 6x1, isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil e taxação dos super-ricos
Congresso derruba reajuste de IOF para obrigar governo a cortar recursos de saúde e educação
Atualização da NR-1 reacende debate sobre saúde mental e gestão abusiva nos bancos
Boato de reestruturação segue preocupando empregados da Caixa
Sindicato participa da 14ª Conferência Municipal de Saúde de Araraquara e reafirma compromisso com o SUS e a cidadania
Sindicato alerta para tentativa de golpe em nome do jurídico da entidade
Institucional
Diretoria
História
Conteúdo
Acordos coletivos
Galeria
Notícias